quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Simbiose

Já velhinho mas ainda com um bozeirõe quinté me faz arrepios nos testículos:


Hoje não me apetece versejar... talvez rimar.
A minha amiga querida de Seu nome Inês, direccionou a minha atenção para uma reflexão. A questão da originalidade e daquilo que vulgarmente se designa por plágio.
Ora bem, creio que este assunto, para ser bem "debulhado" obrigar-nos-ia a regredir uma montanha de tempo... no tempo. No meu caso levar-me-ia a uns milhares de anos atrás... ou seria... à frente. Ai meu bom Deus, que se me está a surgir nova dúvida. Bom, vamos concentrar a atenção nesta, para já. Dizia eu que ha uns milhares de anos atrás, ainda não conhecia a palavra simbiose, muito menos o seu significado, iniciei uma viágem que me levou desde a ásia central, até lá cima à zona do litoral ocidental da Galiza. Não fiz a viagem de uma assentada, obviamente, até porque ainda não existiam estradas nem veículos, aquilo que é hoje desigando por Europa, era uma zona geográfica repleta de animais selvagens e de montanhas, e o clima era lixado. Resumindo, para conseguir chegar à Galiza, precisei de morrer e nascer um porradão de vezes. Morrer foi fácil. Uma vez porque um sacana de um tigre dente de sabre me deu uma patada que me botou a tripalhada toda de fora, outra porque um urso que me apanhou desprevenido e me filou o cachaço, outra porque um auroque marado dos cornos me afinfou uma marrada que me atirou pró malagueiro... resumindo, antes de chegar a metade da jornada, já tinha batido a pataleta e renascido umas centenas de vezes.
O engraçado da questão é que comecei a notar que em cada renascimento, vinha encontrar tudo diferente daquilo que tinha deixado.
É!
O pessoal começou a aparecer vestido com umas peles, começavam a conseguir comunicar-se através de sons e de gestos, juntávam-se à noite em volta do fogo e partilhavam o alimento e as experiências, olhavam para as pedras, os paus e os ossos e imaginavam objectos e utensílios e adornos a que depois davam forma.
E... facto a que dei muita importância. Passaram a substituir a técnica da paulada na cabeça da fêmia, o posterior arrastamento pelos cabelos até à caverna e a consequente cópula, pela dança da sedução. O processo tornou-se mais trabalhoso, mas os resultados foram compensatórios. A humanidade aumentou exponêncialmente.
Nesta época, eu ainda não tinha ouvido falar naquilo que afinal tem sido o verdadeiro responsável pela evolução humana, o código genético. Essa espiral constituída por cromossomas que armazenam toda a informação que nos define no estado actual e que afinal, é a soma das transformações operadas desde que iniciei essa viàgem ha milhares de anos.
Onde nos conduz todo este arrazoado ? Perguntais vos com toda propriedade...
Tudo aquilo que fica dito, conduz-nos em primeira instância à grande questão levantada públicamente pelo Guilherme, aquele rapaz que adorava sacudir a pêra, conhecido pelo nick-name de Shakespeare. Perguntou ele no 3º acto do seu "Hamlet" em tom desafiatório, ao maralhal... "to be, or... not to be"... "that is the question?"
Claro que foi esta "question" que fez com que aqui o cromo se mantivesse a caminhar desde ha milhares de anos, passando consecutivamente pelo processo do renascimento.
Mas... e a resposta a tão inquietante pergunta?
Surge 100 anos depois, pela autoria do Renato, aquele filosofo francéis que todos conhecem pelo nomezinho de Descartes, disse o moço: "Dubito, ergo cogito, ergo sum" oh seija... "Eu duvido, logo penso, logo existo".
Ai o caraças... então afinal, é que é que ficamos?
Para tentar desonevlar a "coisa", tive de voltar a fazer um exercício de memória e recordar-me de comé ca "coisa" tinha aumentado de tamanho. E então, pé ante-pé, lá fui chegando à conclusão que foi precisamente o plágio que me fez evoluir.
É verdade!
É que, de cada vez que evoluí, foi porque adaptei aquilo que alguem me contou e que posteriormente contei a alguem, que por sua vez contou a outro e por aí adiante.
Voltando à questão do Abana a Pêra "ser ou não ser" e à resposta do Des, "cogito", encontro o encadeamento lógico para tudo.
Assim sendo, e porque imagino que quem conseguiu chegar até aqui na leitura já esteja fartinho de me aturar, vou resumir.
Em minha opinião, nada é absolutamente inédito. Tão pouco os pensamentos, visto que esses são sempre fruto de uma aprendizagem que se obtem através da imagem e do som, mas sempre vinda de uma fonte que por sua vez a obteve de outra, and so, and so, and so.
Já aconteceu a todos, penso eu, estarem a ouvir alguem falar pela primeira vez de determinado pensamento, ou ideia e pensarem... olha! eu já tinha pensado precisamente nisto, como é que este bacano foi ter precisamente o mesmo pensamento que eu?
Hmmm?
Ah o título! Já quase me esquecia. Bom "simbiose" tem origem no Grego (Zorba) deriva da junção de sýn, juntamente + bíosis, modo de vida.
;)
Então minha querida Inês, na minha humble opinion, a cena toda já vem de muito longe e fundamenta-se na necessidade de partilhar experiências, conhecimentos, opiniões, medos, desejos, paixões e... mentiras, muitas mentiras, afinal, secalhar a nossa existência não passa de uma mentira sem tamanho.
Quécáxas?
;)))

13 comentários:

claras manhãs disse...

eu acho, que já estás imbuído do espirito do Sam, e isso fou cá uma simbiose do caraças
e depois desta explicaçãozinha, não percebo onde diferimos tanto no 'quem és tu'
faxfavô de esplicá bem esplicadinho

beijinhos

quando cá vier, daqui a um cadinho de nada, quero ver o vídeo no seu lugá.

Bartolomeu disse...

Eureka!!!!!
Não ha nada como ter amigos, para nos conduzirem através dos nublosos caminhos da virtualidade internauta.
Muito agradecido Minucha, acho que fiquei a saber como é que a coisa funciona.
Um grande beijo.

lenor disse...

Antes arrepios que picadas.
Amanhã leio o resto.
:)))

éf disse...

«...foi precisamente o plágio que me fez evoluir.»
para grande irritação do gajo plagiado, porque o resultado tem sido o aperfeiçoamento constante (constante?).

«Evidências genéticas indicam que a evolução humana continua a acelerar - e não parou nem progrediu a uma taxa constante, como se pensava até agora (pensava-se?). No entanto esta aceleração na evolução humana parece ser uma situação provisória causada pelas condições de vida dos seres humanos modernos, de à 40.000 anos e, especialmente, desde a invenção da agricultura à 12.000 anos. Factores que alteraram a dieta dos humanos e os sistemas sociais. »

Agora, se um gajo vai começar a comer algas, como é que fica a evolução? Se olharmos para o retrato dos actuais comedores de algas poderemos ver uma imagem aproximada do futuro ser humano? E os actuais comedores de algas vão contestar o plágio?

Esta e outras questões serão tratadas na próxima legislatura num A.R perto de si. Não perca.
;D

Bartolomeu disse...

Eu sou mais de "bicadas" Leozinha... gostos!!!

Bartolomeu disse...

no "constante" caro efe, centremos a nossa análise no "constante".
Este "constante" não conheceu nunca interrupção, foi, constantemente "constante". A evolução ocorreu paralelamente a esta constância, sempre, através dos tempos, apesar de vicissitudes várias, apesar de travamentos, muitos.
Contudo, perguntamos, em que ponto concreto desta evolução nos encontramos?
Hmmm?
Népias, não encontramos resposta concreta para esta questão.
Se lutávamos ha milhares de anos para defender territórios, continiuamos hoje a fazê-lo.
Se ha milhares de anos atrás sofríamos com doenças e com fome, hoje continuamos a enfrentar as mesmas dificuldades.
Se ha milhares de anos vivíamos em completa obscuridade, relativamente ao conhecimento do mundo das pessoas e das coisas, hoje com toda a informação disponível, continuamos a desconhecer o mundo, por isso, a estraga-lo, continuamos a desconhecer as pessoas, por isso a ignora-las, a desconhecemos as coisas, por isso a usa-las desajustadamente.
A rapaziada que papa-algas?

BF disse...

Bartô
passei só para te dar um beijoca e desejar um Bom Natal.

Muitas beijocas
cheias de carinho

Bartolomeu disse...

Olá madrinha!!!
Pois que o teu Natal seja também maravilhoso, Papoilinha saltitante!!!
Ah e não te esqueças... segura os teus desejos e não puxes as barbas ao papai noel...
;))))

lenor disse...

Bartolomeu, o meu amanhã foi hoje. Estive a ler-te. As tuas viagens n tempo são mesmo rápidas. Até me perco e fico para trás.
Beijos. Essas festas???

inespimentel disse...

Bartolomeu consigo acompanhar a tua viagem e, em muito do que dizes, quase tudo, cola-se ao que penso, ao que sinto... mas consigo também sentir uma pontinha de irritação pelo facto de não assumirmos que o pensamento, ou as palavras que escrevemos ou usamos, são uma colagem sem pôr nem tirar de sítios por onde andamos..
É que, se evoluimos copiando, tb o poderiamos fazer partilhando, e se eu gostei do que li, então posso transcrevê-lo, mas dar-me-ia imenso prazer abrir essa porta que me trouxe as palavras que, por gostar delas, fiz serem minhas!
Tá confuso?... talvez não
Afinal passei para te dizer que conto "avançar" em 2009 com este e outros blogues que tão boa companhia me vão fazendo.
Boa passagem, boa entrada em 2009

Bartolomeu disse...

É verdade Leozinha... a nossa viagem pelo tempo, é realmente muito curta, sobretudo quando paramos e olhamos por cima do ombro.
Mas... realmente, ela é interminável assim como o saber, que nos conduz ao conhecimento.
Compete-nos cumprir as caminhadas.
;)

Bartolomeu disse...

Minha amiga Inês... humildade e modéstia são bens que apesar de acessíveis igualmente, nem todos desejam aceitar.
Resta-nos ajudar a manter a roda em movimento e partilhar, aceitando as diferentes formas de ser e de estar no mundo.
;)

inespimentel disse...

A tolerância é um dos predicados mais facilitadores nas relações que estabelecemos... acho que não nasce connosco mas vai ganhando volume com os anos... e nem toda a gente "pratica"