domingo, 3 de julho de 2011

O Espírito Santo

Enquanto depenicávamos umas tirinhas de um saboroso queijo de cabra e bebericávamos em pequenos goles, um moscatel bem fresco, íamos dissertando sobre o estado político e social do nosso país.
Em dada altura, o amigo que me fazia companhia, assumindo um ar desolado e, com o olhar perdido ao longe na paisagem, afirmou sem me olhar: isto nunca mais se levanta, a malta anda toda desmotivada, já ninguem acredita nos políticos nem na justiça... e abanava a cabeça de um lado para o outro enquanto desfiava o rosário de lamentações.
Como não manifestei imediatamente qualquer opinião acerca do que acabara de dizer, o meu amigo voltou-se para mim e perguntou: não és da mesma opinião?
Em parte, respondi-lhe.
-Em parte, como? Não notas que anda toda a gente descrente e desmotivada?
-Sim... mas, em minha opinião, aquilo em que muitos deixaram de acreditar, chama-se Espírito Santo!
-Bah! Lá vens tu com a conversa da religião...
-Espírito Santo é algo muito diferente de religião, meu amigo. Espírito Santo é vontade, é fé mas, fé no futuro, um futuro que tem por base a união de todos os seres humanos.
Olhou-me novamente com os músculos do rosto contraídos...
-Que é que estás para aí a dizer, pá?
-Falo de algo simplicíssimo, algo de que todos falam mas de que poucos fazem uma correcta interpretação e, a que poucos dão a devida importância. Diz-me uma coisa... já rezaste, tenho a certeza. E no final da oração, fizeste o sinal da cruz e proferiste as palavras sacramentais, evocaste o nome do Pai, tocando a testa com as pontas dos dedos da mão direita, do Filho, tocando com as pontas dos dedos da mesma mão na zona do peito e, do Espírito Santo, tocando com os dedos no ombro esquerdo e em seguida no ombro direito, finalizando com a palavra sagrada Amen. Alguns historiadores e antropólogos, são de opinião que a origem dessa pelavra, remonta ao culto egípcio a Amon, considerado pelos egípcios, o deus dos deuses, criador de toda a vida. Bom, mas isso agora não está em análise. Referia-me ao sinal que é feito quando se evoca o Espírito Santo, após ter-se evocado o nome do Pai, em cima e o do filho em baixo e... como todos muito bem sabemos, de uma forma ou de outra, aquilo que a Humanidade tem buscado ao longo de toda a sua existência, tem sido precisamente a forma de estabelecer a ligação, a comunicação entre o Pai e o Filho, entre aquilo que está em cima e aquilo que está em baixo. E é num determinado ponto, a meio do caminho entre o Pai e o Filho, que se encontra o Espírito Santo, o Espírito Unificado dos Homens, a caminho do Futuro!
Notei que aquilo que acabara de dizer, fêz o meu amigo reflectir. Fêz-se silêncio durante alguns momentos. Por fim lá concluiu... - vou reflectir melhor acerca disso e depois voltamos a falar!
;)

2 comentários:

Olinda Melo disse...

E a mim também me fez reflectir,Bartolomeu.O caminho entre o Pai e o Filho, a Unificação, a Comunhão de todos os homens, demandando o mesmo fim...

:)

Abraço

Olinda

Bartolomeu disse...

Precisamente, Olinda.
Os sinais parecem-me suficientemente evidentes, para que não reste qualquer espécie de dúvida.