terça-feira, 24 de abril de 2012

Á Noite

Aparece sempre que se começam a cerrar os nevoeiros nocturnos. Chega sem se notar, silenciosa. Esquiva-se ao diálogo, olha, somente. O lume crepita, estaladiço, lançando ondas cálidas de luz laranja-fogo. Lentamente, ergue-se e desliza até mim, enrosca-se, penetra nos meus sonhos. E eu... hmm, quase não me atrevo a tocar-lhe, arrisco um só beijo, levemente. Velo a noite toda, guardo-lhe o sono, temo que se respirar, possa fazer com que termine este jogo.

6 comentários:

James Dillon disse...

A ânsia, a expectativa, o jogo como dizes, sozinho e abandonado tem mais sumo, mais recompensa por si próprio que inevitável resultado.

Cumprimentos.

Bartolomeu disse...

O "jogo" é uma forma de referir a vida; essa metáfora de que não nos cansamos de acreditar e de tentar transformar em realidade.
Um abraço para ti, James...

George Sand disse...

Não pode terminar o jogo. Nunca pode.
É demasiado sereno, demasiado perturbador.
Acende outra vela.
O tempo que a consuma, lentamente...
até ao madrugar da felicidade.

Bartolomeu disse...

Pois é George, a felicidade que todos andamos buscando de vela na mão, tantas vezes sem percebermos que a possuímos já... nem sempre corresponde à fantástica imagem que dela, edílicamente construímos.
E como seria possível construir uma imágem de algo que nunca está verdadeiramente começado?!
;))

Cristina Torrão disse...

Bem, eu ia elogiar-te a veia romântica. Mas, depois destes comentários tão profundos, já nem sei o que dizer... ;)

Bartolomeu disse...

Quando não souberes o que dizer, Cristina... mal vai o mundo e a forma de expressão.
;))))